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Possível exagero em ação da PM que deixou 12 mortos vai ser investigado, afirma Jerônimo

Foto do escritor: Da redaçãoDa redação


O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), disse que a Polícia Civil do estado vai investigar a ação da Polícia Militar que terminou com 12 pessoas mortas na noite de terça-feira (4).


De acordo com a PM, houve um confronto entre um grupo de pessoas armadas e os militares no bairro Fazenda Coutos, no subúrbio ferroviário de Salvador.


Onze dos 12 mortos envolvidos já foram identificados. Todas vítimas são do sexo masculino, com idades de 17 a 27 anos. A Secretaria de Segurança Pública não divulgou se eles tinham ficha criminal.


“Nós pedimos para que todo estudo seja feito, para averiguar se houve algum exagero da polícia. O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe, se reuniu com Ministério Público e Defensoria para poder zelar e o estudo está acontecendo para a gente averiguar se houve algum exagero. Independente disso, isso foi fora do circuito [de Carnaval]”, afirmou o governador em seu podcast.


Segundo a PM, na ação foram apreendidas submetralhadoras, pistolas, revólveres, carregadores, munições, drogas e balanças de precisão.


“A comunidade estava se queixando com a polícia, mandando pedidos de presença e realmente a inteligência detectou através de câmeras a disputa de duas facções. Uma delas, se colocando como vencedora, ganhou espaço e queria mandar, proibindo as pessoas de circularem e, de imediato, a Polícia Militar estudou a área, mas eles enfrentaram a polícia”, disse Rodrigues.


Na quarta (5), o secretário de Segurança Pública do estado, Marcelo Werner, já tinha afirmado que a ação foi uma reposta a “crimes violentos” e “terrores” cometidos por supostos criminosos contra a população do bairro.


Conforme o secretário, a polícia realizou a operação após receber informações de uma invasão de uma facção “em desfavor” de outra em Fazenda Coutos.


Há relatos de moradores expulsos de casa de forma violenta e mantidos sob cárcere privado, de acordo com Werner.


A secretaria descartou que a operação policial tenha tido qualquer relação com o Carnaval. Werner disse que a comunidade de Fazenda Coutos “não é violenta”, mas estava sendo “violentada” pelos criminosos.


Nesta quarta, o Ministério Público da Bahia afirmou que está acompanhando a apuração do caso. Também prometeu tomar as providências cabíveis, dentro das suas atribuições constitucionais, para elucidar as circunstâncias que resultaram nas mortes.


Em 2024, o estado iniciou a implantação de câmeras corporais em suas tropas. Ao mesmo tempo, a Bahia reverteu a curva ascendente de mortes por intervenção policial, registrando uma queda de 8,5% em comparação com 2023.


Dados coletados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública apontam que o estado registrou 1.557 mortes em ações policiais no ano passado, contra 1.702 em 2023. O número vinha em rota ascendente desde 2015.


Apesar de reverter a curva, a Bahia permanece como o estado com maior número absoluto de mortes em ações policiais. São Paulo vem na sequência com 749 mortes, seguido do Rio de Janeiro e do Pará.


A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na segurança pública, em uma encruzilhada que inclui o acirramento da disputa entre facções criminosas, o crescimento da atuação de milícias e a letalidade policial.


Mortos na ação policial

  • Francisco Ariel Freire Santos – 27 anos

  • João Cledison Santos Souza – 18 anos

  • Uendel Vitor Rodrigues dos Reis – 20 anos

  • Douglas Campos da Silva Batista – 27 anos

  • Leidson Maxwel da Costa Silva – 27 anos

  • Jackson Vitor Araújo dos Santos – 20 anos

  • Félix de Oliveira Rodrigues – 19 anos

  • Wendel Henrique Nunes dos Santos – 20 anos

  • Davi Costa dos Anjos – 17 anos

  • Paulo Ricardo Santos Pereira – 17 anos

  • Samuel da Luz Nascimento de Sousa – 24 anos

  • Perícia trabalha para identificar o 12º morto


Josué Seixas/Folhapress

 

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